Da comunidade e para a comunidade. Assim é a Escola Estadual de Educação Básica Neusa Mari Pacheco, na Serra Gaúcha, com 1.150 alunos matriculados em turmas do ensino fundamental e do ensino médio politécnico. Os projetos oferecidos incluem áreas como agricultura, artes, cultura, ecologia, desporto e turismo, além de reforço de conteúdos. Eles foram escolhidos em função das expectativas da comunidade de Canelinha, no município de Canela, a 123 quilômetros de Porto Alegre.
“A escola trabalha com os anseios dos alunos e da comunidade, de um crescimento na educação”, diz a professora Rosângela Marisa da Silva, que atua na área do projeto cultural. “Ela busca garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornam o currículo mais dinâmico, atendendo às expectativas dos alunos e às demandas da sociedade local”, destaca.
Valores — “Os alunos são mais engajados e participativos”, afirma a professora Mercí Kurschner, do projeto turístico. “Atribuo isso a todo o histórico de participação comunitária, que vai desde a conquista de espaços como a piscina, o centro agrícola e o centro ecológico à manutenção desses espaços em perfeitas condições de funcionamento.”
De acordo com a professora, os estudantes apresentam autonomia na realização das atividades propostas e uma peculiar visão de mundo. “A escola mescla os valores de uma comunidade que emergiu de uma situação de extrema pobreza, mas procura se adequar aos novos tempos e à nova realidade”, diz. “A escola passou a ser procurada até por alunos oriundos de segmentos sociais com uma situação mais privilegiada.”
Comunidade — A escola oferece aulas em turno integral há 21 anos, quando foi transformada em centro integrado de educação pública (Ciep). “Nesse período, os principais benefícios foram a diminuição da evasão e da repetência, a manutenção dos alunos nove horas por dia na escola (o que possibilita aos familiares trabalhar com tranquilidade), a melhora da autoestima dos alunos e o engajamento da comunidade com a proposta”, explica o professor Márcio Gallas Boelter, diretor da instituição. Para ele, a participação da família é fundamental. “A família precisa acreditar na escola, estar presente nas reuniões e atividades esportivas, sociais e culturais.”
O diretor acentua, ainda, a necessidade da colaboração. “Em 2014, 44% de todos os recursos investidos na manutenção da instituição foram provenientes da comunidade, apesar de a mesma ser pobre e trabalhadora.”
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