quarta-feira, 20 de novembro de 2013

20 de novembro: Dia da Consciência Negra

Imagem: Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial
Comemorado em 20 de novembro, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra faz referência à morte do líder Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo afro-brasileiro, e inspira a cada ano um número maior de atividades em torno de reflexões sobre questões raciais no país.

Em alusão à data, durante todo o mês de novembro, são realizadas atividades com o objetivo de ampliar as discussões sobre os temas raciais, visando a expansão dos direitos conquistados pela comunidade afro-brasileira nos últimos anos.

Zumbi dos Palmares

Zumbi nasceu em 1655, em Palmares, atual estado do Alagoas. Descendente de guerreiros Imbangalas, de Angola, foi aprisionado por uma expedição portuguesa e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, que o batizou de Francisco. Com o religioso, aprendeu a escrever em português e latim.

Aos 15 anos, fugiu em busca de suas origens e voltou para o Quilombo dos Palmares, uma comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. Tornou-se líder da comunidade aos 25 anos, se destacando pela habilidade em planejamento, organização e estratégias militares. Sob seu comando, Palmares obteve diversas vitórias contra os soldados portugueses.

No ano de 1694, o quilombo foi atacado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Após o combate, a sede da comunidade ficou totalmente destruída. Zumbi conseguiu escapar, mas seu esconderijo foi denunciado por um antigo companheiro.

Em 20 de novembro de 1695, o líder negro foi capturado e morto, aos 40 anos de idade.

Leia mais sobre o Dia da Consciência Negra no portal da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Reflexões sobre a data

A Invenção de Zumbi - por Sueli Carneiro

Sou de uma geração de crianças negras que cresceu ouvindo dizer que Zumbi era um fantasma sem beira nem eira, doido perambulando pelas encruzilhadas assombrando como alma penada. O nome de Zumbi sempre foi identificado, associado como negro à imagem do diabo, do pecado. Ao contrário da representação imagética ''dócil'' de Negrinho do Pastoreio ou mágico do mito mutilado (sem uma perna) Saci Pererê.

O Aurelião já registra o Zumbi, chefe do Quilombo dos Palmares, assim como acrescenta ao verbete a idéia ''de fantasma segundo a crença afrobrasileira, vaga pela noite morta''. O significado negativo se institucionalizou não apenas graças aos dicionários, mas, principalmente, aos instrumentos educativos e meios de comunicação.

O militante do Movimento Negro que tiver a oportunidade de conhecer a Praça São Pedro, em Recife, e imaginar a cabeça espetada em exibição pública como ícone de advertência à punição poderá refletir com orgulho sobre o processo de construção de Zumbi dos Palmares, como um herói nacional que segue crescendo também em nível internacional. No ano passado, o festejamos na Alemanha; em anos anteriores, em Nova York, Bogotá, lugares para onde ele é conduzido pela imigração afro-brasileira, apropriado pela diáspora africana e incorporado à tradição pan-africanista ou por acadêmicos da área de estudos sobre a escravidão e resistência nas Américas. Caminha Zumbi dos Palmares para atingir a estatura histórica de Simon Bolivar, José Martí e outros símbolos das lutas por liberdade da região americana.

E devemos à poesia essa reinvenção da história. Da inspiração do poeta negro gaúcho Oliveira Silveira de retirar do silêncio da historiografia oficial a figura mítica de Zumbi dos Palmares e ressignificá-la como símbolo da consciência negra do passado e do presente, em oposição à verdade oficialesca que instituiu a princesa Isabel como a redentora dos escravos ocultando a resistência dos negros à escravidão. A partir de então, a arte inventa, inaugura um marco histórico singularíssimo. A intuição do poeta inspirou revisões historiográficas que alcançaram resgatar a saga e o sentido do quilombo dos Palmares como a primeira tentativa histórica de construção da democracia no Brasil.

Leia o texto completo no Portal Geledés Instituto da Mulher Negra.

Consciência Negra na sala de aula

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